quinta-feira, 23 de maio de 2013

18ª PARADA GAY DE SP, PALANQUE OU CARNAVAL?

Neste domingo, 04 de MAIO, ocorre a 17ª Edição da PARADA GAY em São Paulo, evento que no inicio pretendia ser um palanque das reivindicações dos homossexuais, mas, entretanto, no decorrer das edições e o seu sucesso de público, passou a ser um grande carnaval.

Este ano com a participação de trios elétricos milhares de pessoas vão às ruas protestarem contra a homofobia, mas este é apenas um pretexto para a folia e todos os atos de imoralidade que vem ocorrendo em todas as edições.

Centenas de homossexuais seminus exibindo seus corpos (e muitas vezes suas partes intimas), travestis quase despidas, homens beijando outros homens, mulheres outras mulheres, e no final do desfile quando já é noite na Praça Roosevelt alguns chegam até a praticar sexo no meio da multidão. Enfim, sem querer ser falso moralista, que não sou realmente, não gosto e não aprovo este tipo de evento popular, pois acho um desrespeito ao público presente, uma grande maioria de crianças, que são obrigadas a presenciar estes comportamentos degradantes por parte de alguns participantes. Não são todos, é bem verdade, alguns até comparecem com o intuito de reivindicar seus direitos, que realmente não existe no Brasil, como: parceria civil (aprovada recentemente pelo STF, porém não pelo Congresso, embora tramite Projeto de Lei há mais de uma década), preconceito e homofobia, mas ficam perdidos na multidão de devassos que estão apenas na folia, pouco preocupados com a sua pseudo-luta. Eu acho que o homossexual como todo brasileiro tem o direito de uma completa cidadania, pois atualmente são cidadãos de segunda categoria no Brasil, com seus direitos mais básicos cerceados, ao contrário de muitos países do Primeiro Mundo (que realmente não é o nosso caso), porém o respeito ao público é fundamental e as suas intimidades, como as de quaisquer heterossexuais, podem e devem ser feitas entre quatro paredes ou ambientes públicos apropriados e privados, não como a parada, que tem um público familiar tão imenso e presente.

Também sou contra o evento na Avenida Paulista impedindo o transito de veículos, por ser uma das principais vias da cidade. Acho que esse tipo de “carnaval gay” poderia ser transferido para outro local que não acarretasse tantos transtornos para a população, que além de ser obrigada a assistir tanta obscenidade, ainda é prejudicada na sua locomoção e passeio de fim de semana.

Confira vídeo do Deputado Homofóbico Bolsonaro falando sobre a União Estável (casamento gay)

Não é preciso ser diferente para ser gay, por Alexandre Vidal Porto, Mestre em Direito pela Universidade de Harvard (EUA)

Os homossexuais podem se tornar invisíveis. É só saberem dissimular ou mentir. Quando a primeira parada gay de São Paulo surgiu, um de seus objetivos era, justamente dar visibilidade à parcela da comunidade GLBT que queria afirmar a sua existência e entabular um diálogo com a sociedade.

O viés era político. O slogam da Parada, "Somos muitos e estamos em todas as profissões", equivalia a uma apresentação. Os manifestantes queriam mostrar quem eram e o que faziam. Reclamavam participação no processo jurídico-social e pediam proteção contra o preconceito e a discriminação. Eram 2.000 pessoas, e o ano era 1997.

Desde a sua primeira edição, no entanto, o aspecto politíco do evento foi cedendo espaço ao carnavalesco. A Parada Gay de São Paulo transformou-se em uma grande festa. A maior de seu gênero no mundo. Atrai número de pessoas equivalentes à população do Uruguai. Movimenta centena de milhões de reais. A expectativa é de que traga mais de 400 mil turistas à cidade.

Explica-se o fenômeno da carnavalização da Parada com o argumento de que os gays são "divertidos". A utilização desse estereótipo, contudo, contribui para mascarar a irresponsabilidade cívica e a alienação politíca de parte da comunidade GLBT.

Carnavalizar é fácil e agradável, mas é contraproducente.

O estilo exagerado que alguns participantes preferem adotar é legítimo e respeitável. Mas presta um desserviço para os avanços dos direitos à igualdade. O caráter festivo e a irreverência tiveram valor simbólico em um tempo em que a rejeição social contra a homossexualidade era incontornável. Acontece que as coisas mudaram.

Os milhões de pessoas que comparecerão ao evento na Avenida Paulista deveriam ter responsabilidade cívica de conquistar corações e mentes para a sua causa. O aspecto politíco da Parada exige certa sobriedade, ao menos em respeito às vítimas cotidianas da homofobia, no Brasil e no mundo. Hoje, o peso do discurso politíco tem de ser maior que a vontade de dançar.

A aceitação a homossexualidade pela opinião pública está vinculada à convivência com as pessoas abertamente gays. Mostrar-se é importante. Nessa batalha, é mais estratégico exibir a semelhança. É mais difícil para o mundo identificar-se com o ultrajante.

Não se trata de exibir a orientação sexual, mas de garantir o direito pleno à liberdade de exercê-la.

Associar o conceito da homossexualidade à transgressão e ao excesso pode ter valor estético, mas tem efeito negativo sobre o rítmo do processo politíco.

Confira vídeo com a reportagem do STF aprovando o casamento gay

Para gente que cresceu com uma escala de valores antagônica aos direitos humanos dos GLBT, o comportamento escandaloso exibido tradicionalmente nas paradas equivale à retórica raivosa de um Jair Bolsonaro. O papel da Parada é mostrar que os homossexuais são seres humanos comuns, que tem direito a proteção e respeito, como qualquer outro cidadão.

Ninguém precisa ser diferente para ser gay. Não é necessário transformar-se na caricatura de sí mesmo.

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11/05/11 – STF aprova União Estável Homossexual
20/01/11 – Transexualismo, o que é?
08/12/10 – Homofobia, até quando?
21/10/10 – A família brasileira e a homossexualidade
19/08/10 – Silas Malafaia, mais um falso profeta
28/07/10 – Prostituição Masculina
15/07/10 – A AIDS e as novas perspectivas mundiais

sábado, 18 de maio de 2013

DESORDEM COM PROGRESSO

           Indiscutivelmente, o Brasil é um país repleto de contrastes, inclusive sob o ponto de vista socioeconômico. Se, por um lado, é uma das economias mais pujantes do globo, sendo considerado “rico”, por outro, ainda é permeado por diversos problemas sociais, os quais qualificam-no como subdesenvolvido”.
   

          Historicamente, o Brasil sempre esteve relegado às margens da economia mundial, seja como colônia de exploração, seja como integrante do chamado “Terceiro Mundo”. Hoje, no entanto, a situação é bem diferente. O país possui o sexto maior PIB do mundo e é visto, por muitos economistas, como uma das economias mais dinâmicas e promissoras do século XXI. A participação brasileira nos principais fóruns econômicos e o aumento de sua relevância política corroboram tal visão. Apesar disso, mantém o status de subdesenvolvido pela enorme desigualdade socioeconômica aqui presente e por seu baixo IDH em comparação com o mundo desenvolvido. Parcela considerável da população vive em condições de pobreza ou miséria absoluta, não participando efetivamente dos frutos gerados pelo crescimento do país. Além disso, a situação infraestrutural das cidades e a qualidade dos sistemas de saúde, educação, moradia, transporte e segurança estão muito aquém do ideal. Por fim, a corrupção, a má administração do dinheiro público e a atuação ineficaz da maior parte dos governantes contribuem para a manutenção desse quadro de contrastes. O Brasil é uma nação rica. O grande problema é que essa riqueza não se traduz em conquistas sociais e em melhoria geral da qualidade de vida da população. Para que isso seja possível é necessária uma série de medidas com vistas a debelar os problemas diagnosticados. A primeira delas e, talvez a mais importante, seja o investimento maciço no setor educacional, objetivando um desenvolvimento à semelhança de países como o Japão. Somente assim, poderemos abandonar nosso título de “subdesenvolvido” e nos firmar, de uma vez por todas, como o lugar onde reinam a ordem e o progresso. Por enquanto, infelizmente, continuamos sendo um país de contrastes.  

 Por: Morison Greco Menezes Filho - Twitter: @morisonfilho

Assista ao vídeo sobre desigualdade social no Brasil:

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- 11/07/11 - A corrupção continua assolando o país; 
- 09/06/10 - Brasil, o país com a maior diversidade, produz pouco; 
- 31/05/10 - Rolando Boldrin tem vergonha do Brasil