domingo, 19 de junho de 2011

PARADA GAY, PALANQUE OU CARNAVAL?

Sem ser este, no próximo domingo, 02 de junho, ocorre a 16ª Edição da PARADA GAY em São Paulo, evento que no inicio pretendia ser um palanque das reivindicações dos homossexuais, mas, entretanto, no decorrer das edições e o seu sucesso de público, passou a ser um grande carnaval.

Este ano com a participação de trios elétricos milhares de pessoas vão às ruas protestarem contra a homofobia, mas este é apenas um pretexto para a folia e todos os atos de imoralidade que vem ocorrendo em todas as edições.

Centenas de homossexuais seminus exibindo seus corpos (e muitas vezes suas partes intimas), travestis quase despidas, homens beijando outros homens, mulheres outras mulheres, e no final do desfile quando já é noite na Praça Roosevelt alguns chegam até a praticar sexo no meio da multidão. Enfim, sem querer ser falso moralista, que não sou realmente, não gosto e não aprovo este tipo de evento popular, pois acho um desrespeito ao público presente, uma grande maioria de crianças, que são obrigadas a presenciar estes comportamentos degradantes por parte de alguns participantes. Não são todos, é bem verdade, alguns até comparecem com o intuito de reivindicar seus direitos, que realmente não existe no Brasil, como: parceria civil (aprovada recentemente pelo STF, porém não pelo Congresso, embora tramite Projeto de Lei há mais de uma década), preconceito e homofobia, mas ficam perdidos na multidão de devassos que estão apenas na folia, pouco preocupados com a sua pseudo-luta. Eu acho que o homossexual como todo brasileiro tem o direito de uma completa cidadania, pois atualmente são cidadãos de segunda categoria no Brasil, com seus direitos mais básicos cerceados, ao contrário de muitos países do Primeiro Mundo (que realmente não é o nosso caso), porém o respeito ao público é fundamental e as suas intimidades, como as de quaisquer heterossexuais, podem e devem ser feitas entre quatro paredes ou ambientes públicos apropriados e privados, não como a parada, que tem um público familiar tão imenso e presente.

Também sou contra o evento na Avenida Paulista impedindo o transito de veículos, por ser uma das principais vias da cidade. Acho que esse tipo de “carnaval gay” poderia ser transferido para outro local que não acarretasse tantos transtornos para a população, que além de ser obrigada a assistir tanta obscenidade, ainda é prejudicada na sua locomoção e passeio de fim de semana.

Confira vídeo do Deputado Homofóbico Bolsonaro falando sobre a União Estável (casamento gay)

Não é preciso ser diferente para ser gay, por Alexandre Vidal Porto, Mestre em Direito pela Universidade de Harvard (EUA)

Os homossexuais podem se tornar invisíveis. É só saberem dissimular ou mentir. Quando a primeira parada gay de São Paulo surgiu, um de seus objetivos era, justamente dar visibilidade à parcela da comunidade GLBT que queria afirmar a sua existência e entabular um diálogo com a sociedade.

O viés era político. O slogam da Parada, "Somos muitos e estamos em todas as profissões", equivalia a uma apresentação. Os manifestantes queriam mostrar quem eram e o que faziam. Reclamavam participação no processo jurídico-social e pediam proteção contra o preconceito e a discriminação. Eram 2.000 pessoas, e o ano era 1997.

Desde a sua primeira edição, no entanto, o aspecto politíco do evento foi cedendo espaço ao carnavalesco. A Parada Gay de São Paulo transformou-se em uma grande festa. A maior de seu gênero no mundo. Atrai número de pessoas equivalentes à população do Uruguai. Movimenta centena de milhões de reais. A expectativa é de que traga mais de 400 mil turistas à cidade.

Explica-se o fenômeno da carnavalização da Parada com o argumento de que os gays são "divertidos". A utilização desse estereótipo, contudo, contribui para mascarar a irresponsabilidade cívica e a alienação politíca de parte da comunidade GLBT.

Carnavalizar é fácil e agradável, mas é contraproducente.

O estilo exagerado que alguns participantes preferem adotar é legítimo e respeitável. Mas presta um desserviço para os avanços dos direitos à igualdade. O caráter festivo e a irreverência tiveram valor simbólico em um tempo em que a rejeição social contra a homossexualidade era incontornável. Acontece que as coisas mudaram.

Os milhões de pessoas que comparecerão ao evento na Avenida Paulista deveriam ter responsabilidade cívica de conquistar corações e mentes para a sua causa. O aspecto politíco da Parada exige certa sobriedade, ao menos em respeito às vítimas cotidianas da homofobia, no Brasil e no mundo. Hoje, o peso do discurso politíco tem de ser maior que a vontade de dançar.

A aceitação a homossexualidade pela opinião pública está vinculada à convivência com as pessoas abertamente gays. Mostrar-se é importante. Nessa batalha, é mais estratégico exibir a semelhança. É mais difícil para o mundo identificar-se com o ultrajante.

Não se trata de exibir a orientação sexual, mas de garantir o direito pleno à liberdade de exercê-la.

Associar o conceito da homossexualidade à transgressão e ao excesso pode ter valor estético, mas tem efeito negativo sobre o rítmo do processo politíco.

Confira vídeo com a reportagem do STF aprovando o casamento gay

Para gente que cresceu com uma escala de valores antagônica aos direitos humanos dos GLBT, o comportamento escandaloso exibido tradicionalmente nas paradas equivale à retórica raivosa de um Jair Bolsonaro. O papel da Parada é mostrar que os homossexuais são seres humanos comuns, que tem direito a proteção e respeito, como qualquer outro cidadão.

Ninguém precisa ser diferente para ser gay. Não é necessário transformar-se na caricatura de sí mesmo.

Se você gostou dessa postagem, acesse também:

11/05/11 – STF aprova União Estável Homossexual
20/01/11 – Transexualismo, o que é?
08/12/10 – Homofobia, até quando?
21/10/10 – A família brasileira e a homossexualidade
19/08/10 – Silas Malafaia, mais um falso profeta
28/07/10 – Prostituição Masculina
15/07/10 – A AIDS e as novas perspectivas mundiais

3 comentários:

  1. Oi, Beto.
    Muito bem posicionadas suas observações sobre a parada gay.Penso que todos nós, cidadãos, temos o direito à reivindicações para reconhecimento em favor de suas lutas mas, tudo tem que ser dentro da maior seriedade e respeito, em todos os sentidos. Dessa forma, o público vai entender o recado e devolver com a mesma seriedade e respeito.
    Um abraço.
    Odete

    ResponderExcluir
  2. Caro Beto,
    A "Marcha com Jesus" é comportadinha. Porém, seus líderes são um bando de safados que vivem e enriquecem graças a estupidez humana. A "Parada do Orgulho Gay", pelo contrário, apesar dos excessos que eventualmente acontecem, é liderada por pessoas decentes, inteligentes e que possuem uma "bandeira" nobre: Inclusão dos Homossexuais na sociedade brasileira.E, como podemos constatar pelas últimas vitórias conquistadas (Vide STF e a União Estável de pessoas do mesmo sexo), apesar dos preconceituosos "bolsonaros" da vida, estamos conseguindo nos impor honestamente. Querendo ou não, devemos isso a pessoas como a Senadora Marta Suplicy, a eventos tipo "Parada Gay" e, em particular, ao trabalho e esforço dos Seres Humanos Homossexuais, categoria na qual me incluo. Michel Scheir

    ResponderExcluir
  3. Nao tenho preconceito algum, nao sou lésbica sou absolutamente hétero, porém sempre defendi o direito a opcao sexual. Nunca estive na parada gay, por exatamente acreditar que iniciou nao apenas com o intuito de manifestacao de um público que se sentia oprimido, mas para angariar votos a pretensos defensores desse público. Absolutamente correto Beto, nao precisa se caricaturar exacerbadamente para reivindicar, meus amigos gays nao andam de bumbum de fora ou de peruquinhas no dia-a-dia e nem em seus trabalhos! Viraram atracoes circenses, onde um bando de hipócritas (heteros) vao lá para ficar tirando fotografias dos pseudo manifestantes... Carnaval sim! Carnaval gringalisado, sem samba, com muita musica eletronica (preferencia desse público e minha tb diga-se de passagem). Leao Lobo diz: Dignidade já! Mas as custas de advogados, médicos, militares, engenheiros e tantos outros gays profissionais terem que rebolar semi nus no alto de carros para reivendicar seus direitos? Ou será que um juiz só aceitará a posicao de um gay somente se estiver caricaturizado? Embora em meus documentos esteja "branca", (pois meus pais sao brancos e descendo d enegros por parte de avó materno) eu sou mulata, mas nunca precisei sambar pra ninguém pra reivendicar nada, nunca usei cotas pra nada (sou competente) e nunca senti discriminacao (sério!) minha educacao talves e meu modo de me posicionar diante de certas situacoes me dao o direito de entrar e sair e ser muito bem acolhida em diversos lugares do Brasil e do mundo poronde já passei.

    ResponderExcluir