domingo, 29 de maio de 2011

EDUCAÇÃO BRASILEIRA E O DESAFIO DA QUALIDADE

Investir em educação, pesquisa e desenvolvimento são os alicerces do crescimento de qualquer nação desenvolvida e o Brasil “aos poucos” vem demonstrando conquistas no setor educacional e a evidência de que se trata de uma área de extrema importância para o sucesso do país nos próximos anos.

Segundo dados do Censo 2010 em sete anos o número de matrículas em curso de graduação no Brasil aumentou de 3,5 milhões para 5,9 milhões. Os números são expressivos e, sem dúvida, mostram um caminho que já está sendo percorrido. Uma forma de aperfeiçoar esse caminho, no entanto, é observar avanços nessa área de outros países e corrigir nossos erros, que são muitos.

No ranking mundial da educação ocupamos a 53º posição e para um país que propõem tornar-se desenvolvido, tal colocação é incompatível, além de estarmos acompanhando a entrada de um número impressionante de trabalhadores estrangeiros no país porque nos falta mão de obra qualificada, pois não dispomos de técnicos e graduados em diversos setores do mercado de trabalho.

Confira vídeo do JORNAL NACIONAL – EDUCAÇÃO, O DESAFIO DA QUALIDADE (INTRODUÇÃO)



Como já foi mencionada em diversas postagens anteriores, a educação pública brasileira peca por não colocar no mercado, no final de ensino médio, uma mão de obra além de devidamente qualificada, com uma boa formação cultural e educacional.

Há bons professores e o material didático geralmente fornecido pelo estado vem sendo de excelente qualidade. O horário de aulas nos períodos matutino e vespertino é suficiente para um número de aulas necessário para uma boa educação. O período noturno que é prejudicado por oferecer um número menor de aulas. Qual seria então o motivo de nossos indicadores da qualidade do ensino público apresentarem resultados tão baixos, se comparados com o ensino privado?

Poderia começar afirmando que a “Progressão Continuada” aplicada em alguns estados brasileiros, que serve para maquiar nossos indicadores com menos evasão de alunos e repetências seria no momento a maior responsável, pois os alunos sem o desafio de se preparar devidamente para as avaliações e a aprovação para o outro ano ficaram desinteressados em estudar realmente, já que serão “promovidos” automaticamente, estando preparados ou não.

Poderia mencionar também a desvalorização do profissional da educação, geralmente um especialista de que se exige muito, porém que não recebe a devida remuneração e todo mundo sabe que faltam professores no mercado, porque ninguém quer trabalhar recebendo tão pouco, sem os benefícios das empresas privadas e ainda sofrendo maus tratos pelos alunos mal educados e desinteressados, além do governo que só promete valorizar os professores durante o período de eleições, como ocorreram nas ultimas, mas pouco fazendo durante os seus mandatos para cumprir essa promessa, entre tantas outras que também falham.


Confira vídeo do JORNAL NACIONAL – EDUCAÇÃO, O DESAFIO DA QUALIDADE (ENSINO FUNDAMENTAL)




Mantendo esse ritmo continuaremos vendo chegar na 5ª série um número impressionante de alunos “analfabetos funcionais” que não sabem ainda ler ou escrever e, o pior, formando jovens sem qualquer preparo para o mercado de trabalho, escrevendo incrivelmente mal e sem condições de redigir uma dissertação de tema dado ou uma interpretação de texto compatível para um aluno em final de curso médio e querendo entrar numa universidade.

Nossas universidades públicas que ainda mantêm um ensino de qualidade continuarão recebendo apenas alunos oriundos de escolas particulares, já que os das escolas públicas não têm o menor preparo para o vestibular, nem com o estimulo de cotas do ENEM.

Ou seja, se o Brasil quiser mesmo entrar no rol das nações desenvolvidas, deverá não apenas abrir novas universidades públicas ou escolas técnicas como vem sendo feito, mas valorizar realmente o profissional da educação e não se preocupar em maquiar índices através de “progressões continuadas”, mas em oferecer uma educação de qualidade, que busque também o comprometimento dos pais, que no momento se preocupam em mandar seus filhos para a escola apenas para ter o direito do “Bolsa família” e não serem importunados pelo Conselho Tutelar que obriga toda criança a estar matriculada na escola.

É chocante o número reduzido de responsáveis que comparecem nas reuniões de “pais e mestres” para acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos, o que demonstra flagrante desinteresse por parte desses genitores. Os filhos não tendo necessidade de estudar, já que serão aprovados automaticamente com boas notas ou não e, ainda, sem qualquer cobrança de resultado e disciplina por parte dos seus pais, vêm a cada ano engrossando o número de alunos mal formados e despreparados para o mercado de trabalho, além de pouco acrescentar para melhorar a nossa posição no ranking da educação mundial.

Quando haverá um “real” interesse em melhorar a nossa educação, por parte dos governos federais, estaduais e municipais? Só Deus sabe, infelizmente.

Dizem que não há interesse do governo em oferecer uma boa educação apenas para poder se manter no poder, já que um eleitor preparado e politizado jamais votaria nesses atuais mandatários. Eu acredito que sim.


Confira vídeo do JORNAL NACIONAL – EDUCAÇÃO, O DESAFIO DA QUALIDADE (ENSINO MÉDIO)




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05/05/11 – Violência nas escolas do país
09/03/11 – Professor, a desvalorização da profissão
10/11/10 – Os maiores desafios de Dilma Roussef para o Brasil
24/09/10 – Bullying, você sabe o que é?
25/05/10 – No Brasil falta mão de obra qualificada

Um comentário:

  1. Oi, Beto.
    Gosto de ler suas postagens, que são muito abrangetes, principalmente, as do campo da Educação. Você escreve com propriedade e, gostaria que um desses intelectuais de gabinete, lessem seus artigos.
    Será que eles teriam as mesmas opiniões e comportamentos, se ficassem em sala de aula, durante uma semana? Não aguentariam, porque é um trabalho desgastante, feito com muito empenho e dedicação. Estão acostumados a reuniões, com cafezinho e ar condicionado. Tudo o que escreveu, é o que acontece na vida real, no dia-a-dia de uma escola, mas os governantes não querem se conscientizar disso.Hoje à escola, cabe os papéis de dar educação, porque os pais não tem mais tempo para isso(porque trabalham, argumentam), instrução, alimentação, atendimento psicológico, dentário, roupas(uniformes)e trabalhar com a comunidade, entre outras atribuições.
    Vamos aguardar com otimismo a solução de toda essa problemática.
    Um grande abraço.
    Odete.

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